
Galo de Barcelos
Conhece a lenda de um dos símbolos mais famosos de Portugal? Este galo de cores não é apenas um produto artesanal presente em todas as lojas de souvenirs do país. É um dos maiores ícones do turismo português, um símbolo de identidade nacional, que simboliza a união de diversos setores de atividade e é reflexo da cultura local. O galo tinha associações mitológicas e simbólicas e evoluiu para um símbolo de proteção e força, vinculado intimamente à vida doméstica e rural. Durante o Estado Novo tornou-se um emblema de hospitalidade portuguesa.
O Galo de Barcelos tem uma lenda muito peculiar. Esta história datada no século XVI passou-se em Barcelos, uma cidade do norte de Portugal, localizada no Alto Minho e banhada pelo rio Cávado. É conhecida principalmente pela sua tradição em olaria e por ser parte do caminho de Santiago. Nesta cidade ocorreu um crime e a população andava assustada porque o culpado ainda não tinha sido descoberto.
Acontece que certa manhã apareceu um jovem galego que passava pela cidade à caminho de Santiago de Compostela. Ramon, que era o nome do galego, tinha um aspeto descuidado devido à sua peregrinação e foi acusado como suspeito do crime e condenado à forca.
O jovem peregrino foi levado à presença do juiz e alegou a sua inocência. O juiz não creu ao Ramon, que foi levado prisioneiro durante três dias sem comida nem bebida. No final do terceiro dia, o galego foi levado ao juiz reafirmando que não cometeu crime nenhum. O juiz encontrava-se na altura a jantar na companhia de alguns amigos e todos riram. Desesperado, o jovem apontou para um galo assado na mesa do banquete que ocorria ali e disse: "É tão certo eu ser inocente, como certo é esse galo assado que estão a comer cantar quando me forem enforcar". O juiz zangado mandou levantar a mesa e decidiu enforcar ao Ramon no dia seguinte.
No outro dia de manhã, a praça começou a encher-se de gente que não levou o rapaz a serio e queriam ver o enforcamento do Ramon. Quando estavam a passar-lhe a corda pela garganta ao Ramon, ouviu-se um galo cantar alto. O juiz, assustado lembrando-se das palavras do galego, foi espreitar ao lixo de onde provinha o som. E eis que estava o galo levantado a cantar com convição e sonoridade.
O juiz não teve outro remédio que libertar o Ramon, provada a inocência do peregrino galego, que seguiu o seu caminho para cumprir a sua promessa. O Galo tornou-se um símbolo de boa sorte, justiça e amizade.
